terça-feira, 27 de outubro de 2009

Horizontes confusos

Escolhi meus caminhos da mesma forma que equacionei questões de matemática: decorava as fórmulas, mas não sabia usá-las.

Toda vez que recorri aos mapas, perdi-me em suas coordenadas confusas e confundi horizontes; quando tentava esquecer, lembrava-me, quando tentava me guiar, esquecia tudo.

Em meio a tantos caminhos perdidos e achados, busquei sempre com o ímpeto de um andarilho, encontrar não o fim, mas o começo da minha estrada.

Diante de tudo isso, mais do que a simples constatação de que não passo de um errante a caminhar-e sempre a buscar - percebo também que sempre em momentos de decisões a razão me abandonou. E com razão, pois em minha cuca habita um coração acéfalo e em meu peito bate apenas um órgão que obriga minhas pernas a seguir...

domingo, 2 de agosto de 2009

O vazio das palavras

O sol que ilumina é o sol que queima. A lágrima que cai, é de dor ou de alegria?

A chuva que destrói é a mesma que semeia. Num segundo as certezas viram dúvidas. O passado adquire dimensões inimagináveis. Tudo que foi já não o é. O grito silenciado já não pode ser ouvido.

As palavras transcrevem o que o peito encobre; de forma confusa elas adquirem vida.

Num segundo o texto ganha vida ;no outro as idéias somem. Num segundo se vive?

Eis me aqui com minha inabilidade de me achar. Mais ainda: de mudar.

O que me aflige é a pressa. O que me assusta é o tempo.

Ando tão às pressas com a vida, que perco os segundos.

Busco desesperadamente o meio termo: uma trégua comigo mesmo.

Tentar escrever sem inspiração poética, sem inspiração de vida: eis uma tarefa difícil; não obstante, eis uma busca pelo alívio, que não sacia,que não estanca...

sábado, 1 de agosto de 2009

A verdadeira verdade pertence a quem?

O crente acredita em Deus e se considera seu semelhante;

O cientista crê no homem; nada além.

O cético acredita no nada- e que o nada é tudo.

O político na sociedade. Fala nela como algo consumado e concreto.

E a verdade, a quem pertence...?

Se todos não passam de seres que se acham encarregados de sobrepor suas verdades sobre as demais.

Mas a verdade existe? E pra quem?

Estou farto de verdades, há muito que já não acredito nelas; hoje prefiro dar ouvidos às crianças, aos loucos...

domingo, 12 de julho de 2009

" O que fazem as pessoas para serem tão iguais?"

Era meio da semana. Estava eu dirigindo, quando toca uma música dos Engenheiros do Hawaii- uma de minhas bandas prediletas- quando me deparo com uma certa inquietação diante da pergunta do refrão: "O que faz as pessoas parecerem tao iguais? O que fazem as pessoas para serem tão iguais?".
Refletindo sobre essa pergunta descobri o porquê dessa tal inquietação. Fiz uma auto-análise acompanhado de uma auto-crítica- devo fazer isso mais seguido. Nessa análise reparei o quanto mudei, o quanto me modifiquei e permitir ser modificado. E é com simplicidade que digo que mudei para melhor. Tenho procurado aprender, viver as coisas com intensidade, procurado ver as coisas com outros olhos, além do que elas aparentam ser . Juntamente com isso, certos valores que eu tinha como inabaláveis, vêm sendo balançados e isso tudo força a uma maturidade.
Explico o que essa análise tem a ver com tal inquietação: percebi que por muito tempo me contentei em ser apenas igual aos outros. E mais, acreditei que era bom ser igual. Com essa mudança, lenta e permanente, descobri o gosto de não ser igual. A igualdade pressupões a anulação da individualidade e isso não pode ser tolerável. Advindo dessa minha descoberta, cometi um erro , talvez tão comum quanto o da aceitação da igualdade: procurei ser diferente dos outros, custe o que custar.
Hoje penso diferente. Enquanto essa pergunta ,que deu origem a essa escrita e ao seu título, lateja em minha cabeça, busco uma meta menos pretensiosa e mais difícil: nem ser igual nem diferente, apenas- e esse apenas não induz pouca coisa- me descobrir e ser eu mesmo!